16 setembro 2007

A Criança de 1 a 2 anos...

A Conquista de sua Autonomia
Nesta idade, tudo o deixa curioso, e é muito forte o desejo de tocar, levar à boca, conhecer os objetos que encontra por perto. Em casa, não está nunca parado, sempre procurando novos armários para explorar, pequenos objetos para saborear, interruptores ou botões para apertar. Fora de casa, nos parques ou shopping-centers, tudo é super interessante. Porém, este incansável desejo de explorar os ambientes o expõe a inúmeros perigos. É necessário controlar a cada segundo o que ele está fazendo, e tirar de seu alcance qualquer coisa que possa se tornar perigosa. Isso não significa limitar suas ações, pois a fase das descobertas é importantíssima para ele, pois permite que ele registre em sua memória detalhes sempre novos e fascinantes... é só necessário estar sempre atenta.
A explosão dos sentidos: nesta idade, seu bebê descobre novas sensações e sensibilidades, e seus sentidos estão bastante aperfeiçoados. Consegue perceber o que é duro ou mole, as superfícies lisas ou rugosas, reconhece as músicas ou sons que já tenha escutado. Até seu paladar está mais aguçado, e quando ele não gostar de um alimento será inútil tentar fazer com que o coma. O bebê consegue seguir imagens em movimento e perceber as diferenças entre os tons das cores, e quando passa na frente de um espelho reconhece a própria imagem refletida.
Aperfeiçoamento: no segundo ano de vida, o bebê não tem um crescimento tão rápido como no primeiro (em média, ao completar 24 meses, há um aumento de peso de 2 quilos e um aumento na altura de 12 centímetros a mais) porém se aperfeiçoam outras habilidades. A partir dos 15 meses, se desenvolvem os movimentos de precisão, aqueles que consentem realizar tarefas como segurar um pequeno objeto, abrir uma caixa, colocar um cubo dentro do outro. Os movimentos mais abrangentes também são aperfeiçoados, como caminhar com mais desenvoltura, subir em uma poltrona, jogar uma bola. Quando o bebê consegue caminhar e ao mesmo tempo segurar um objeto nas mãos, isso significa que ele já é capaz de coordenar os movimentos, mantendo o equilíbrio e dosando a força muscular necessária.
A hora da independência: próximo dos 16 meses, o bebê atinge a completa consciência de si próprio. Antes dependia completamente dos pais, agora já começa a fazer muitas coisas por conta própria: caminhar, usar a colher, pegar os objetos. O desejo de ser autônomo se desenvolve junto com as primeiras conquistas, e o faz afirmar a sua independência até o ponto de protestar porque quer se vestir ou comer sozinho. No limite do possível tente encorajar este desejo de independência, mesmo que ele não consiga colocar as meias ou que espalhe comida por toda a mesa, pois para ele são ocasiões em que ele pode se experimentar e aprender através dos erros. Não seja muito severa, pois ainda não é tempo de disciplina. Os insucessos e as broncas só conseguirão entristecê-lo, além do que ele ainda não é capaz de entender o que pode ou não fazer.
A idade do "não": a necessidade de autonomia faz com que ele frequentemente diga "não"... é a fase da contestação. É um período no qual os caprichos são frequentes: um dia quer porque quer se vestir sozinho demorando meia hora só para colocar um sapato, no outro dia não quer que você o ajude a comer. É preciso acompanhar este desejo de se afirmar, mesmo se não é fácil conciliar o ritmo de uma criança com os horários dos adultos. Nesta fase, paciência e encorajamento são mais eficazes que disciplina ou severidade.
Os rituais da boa noite: a hora de ir dormir normalmente coincide com a hora dos caprichos. No segundo ano de vida, o bebê aprendeu a dizer não, faz contínuas batalhas de poder com os pais para afirmar sua própria vontade, e naturalmente quando chega o momento de ir dormir, contesta. Aí, não resta que ser criativo e inventar artimanhas para tornar mais agradável a hora de dormir: lençois e pijaminhas com estampas divertidas, fábulas e estorinhas, músicas de nana-neném, seu bichinho preferido ou até mesmo invente uma brincadeira para fazer somente no seu bercinho que o faça associar uma hora de grande prazer. Para um bebê, a hora de dormir é algo angustiante, pois não entende que as pessoas dormem e depois acordam, não sabe que com a luz da manhã encontrará novamente a mamãe e o papai, e todos os seus brinquedos. É por isso que ele tem necessidade de dormir abraçado ao seu ursinho, que o conforta e o acompanha durante a noite (é chamado de objeto de transição), e pode ser útil também durante o dia, para superar um momento difícil.

A Descoberta das Palavras
Já há algum tempo, seu bebê se exercita com os sons, aprendeu algumas palavras como mamãe, consegue pronunciar o nome de algumas coisas de seu interesse. Mas a partir do 20° mês, ele inicia uma nova etapa de aprendizado: consegue formar as primeiras frases simples. A aquisição de uma linguagem é um jogo divertido para o bebê, e para encorajá-lo fale bastante com ele, diga o nome dos objetos que usa, das partes do corpo quando você tocá-lo. A capacidade de memorizar e aprender em um bebê desta idade é enorme, e muitos conseguem aprender inclusive algumas palavras numa língua estrangeira. Nesta fase é importante falar com ele corretamente, evitando modificar as palavras num linguajar infantil, para ajudá-lo a pronunciar de forma correta as novas palavras aprendidas. A medida que os meses passam, a linguagem de seu filho será cada vez mais complexa e articulada, e ao completar 2 anos, muitos são capazes de falar frases de senso completo e de se fazer entender perfeitamente bem. Nesta fase inicia outro período difícil para os pais, pois começa a fase dos "porquês"... ele constantemente irá questionar "o que é", "quem é", "porque é", e este é o seu modo de obter a atenção da mãe e de descobrir o significado das coisas.

O Sentido Social: quando os bebês começam a falar e a andar, normalmente ele se torna mais sociável. Naturalmente, também neste caso dependemos do caráter de seu filho: existem crianças mais reservadas que não apreciam a companhia de estranhos e outras mais extroversas que se mostram mais disponíveis a fazer novas amizades. A primeira impressão que eles fazem deles mesmos é muito importante, juntamente com a relação que tem com a mamãe, o papai e os outros adultos de seu meio familiar. Os bebês que têem a sensação de serem amados e aceitos, geralmente crescem mais serenos, confiantes e disponíveis para com o mundo externo.
As boas maneiras: no segundo aniversário, os bebês conquistaram grande parte de suas capacidades sociais... sabem chamar a atenção de um adulto quando precisam, sabem expressar seus próprios desejos com gestos e palavras. Mas principalmente conseguem compreender o que os adultos querem dele e também consegue se adaptar a isto. A boa educação é uma premissa fundamental para se viver em sociedade, mas também é um conceito abstrato e ainda incompreensível para seu bebê. É necessário desde a primeira infância, educar seu flho a ter um comportamento respeitoso com as outras pessoas. Não só ensinar e educar seu filho com as boas maneiras, mas é importante lembrar que os bebês são grandes imitadores. Fale com ele como um adulto e ele se sentirá levado a sério, e fará de tudo para imitar você e seguir o modo como você se comporta.
A disciplina: os bebês precisam de liberdade para aprender e crescer de forma sadia. Porém, mais cedo ou mais tarde, é necessário impor certos limites para seu próprio bem. Através das limitações de sua liberdade e algumas proibições, pode-se evitar que se machuquem seriamente. Além do que, as crianças necessitam uma certa limitação, uma certa disciplina, um freio em suas atitudes, pois ela com isso sente que você se importa com o que ela faz, como e porque ela faz, e isso contribue para que ela cresça mais ciente de sua posição na sociedade e também mais segura e confiante.
É ainda muito cedo para que ele entenda porque você o proíbe de correr no meio da rua, ou de levar tudo o que encontra à boca. Prever as consequências de suas ações é ainda muito difícil, porém depois do 20° mês ele consegue entender uma ordem e obedecê-la. Se você disser um não decidido enquanto ele faz algo perigoso, por exemplo, quase sempre ele lhe dará atenção. As punições severas, os castigos exemplares, ou as ameaças terrificantes, são atitudes erradas com crianças tão pequenas, pois só conseguem provocar medo e terror e favorecer um comportamento de rebelião. Na prática, é como se o bebê entendesse que o único relacionamento possível é o da força: e então ele logo se adaptará a isso respondendo com os mesmos instrumentos. Lembre-se que as ameaças e punições somente avisam ao bebê que ele agiu de um modo errado, mas não ensinam nada que o faça entender como deveria ter agido. Deixam somente as marcas do poder dos pais e de sua própria frustração, mas não o fazem jamais sentir-se "capaz de ser bom".
Dos 18 meses aos 3 anos: seu filho é cada vez mais autônomo e agora apreciará os brinquedos com rodas... triciclos e bicicletas são os favoritos. Agora ele já adquiriu um certo raciocínio lógico e se diverte com os brinquedos de causa-efeito, do tipo que se você aperta um botão se abre uma porta... Por volta dos 2 anos, é provável que ele invente um amigo imaginário e fale com ele em voz alta enquanto brinca sozinho. Não se preocupe, é um acontecimento comum e pode demonstrar a vontade de estar com outras crianças. As brincadeiras dos meninos e das meninas começam a se diferenciar: os meninos preferem os carrinhos e as meninas se divertem com panelas e bonecas. Mas é de gosto comum os brinquedos de encaixe, como por exemplo os quebra-cabeça, excelentes para desenvolver a atenção e as habilidades manuais. Nesta fase, o bebê já consegue reconhecer muitos objetos, e outra brincadeira muito instrutiva é folhear um livro ilustrado, onde ele demonstra toda a sua capacidade de localizar estes objetos, dando o nome correto para cada um deles.
Jogos de simulação e fantasia: para um bebê, conhecer a realidade significa representá-la. Identificar-se com os outros significa compreender os modos e atividades daqueles que o rodeiam, imitando o papel dos adultos. Próximo dos 18 meses, o bebê em suas brincadeiras finge ser a mãe, muitas vezes vestindo suas roupas e sapatos, ou brincando com seu aviãozinho finge ser o piloto. O jogo de simulação serve para colocá-lo em relação com o mundo das outras pessoas, entendendo as diferenças e estimulando a fantasia.